RESUMO

Em meados do século XVIII, o Gótico se destacou por explorar o insólito, o medo e o sobrenatural, elementos que eram ao mesmo tempo aterrorizantes e fascinantes para os leitores da época. Desde então, as características que definiam o gênero, como a ambientação em castelos antigos e ruínas, cenários desolados, criaturas sobrenaturais e a constante presença do medo, têm permeado a escrita de muitos autores, tanto do passado quanto da contemporaneidade. A junção desses elementos característicos do Gótico serviu de inspiração para que os escritores mergulhassem na psique humana e explorassem temas da subjetividade, como a loucura, os vícios, o duplo e os limites do real. Ainda que suscetível às grandes mudanças impostas pelas necessidades políticas e sociais da época, o gênero adaptou-se sem perder sua essência original, preservando as narrativas envolventes e intrigantes. Atualmente, a influência do gênero é perceptível não apenas na Literatura, mas também em outras formas de expressão artística, como o cinema, a televisão e os videogames. Em Amada (1987), da autora estadunidense Toni Morrison, há uma retomada dos elementos característicos do Gótico para explorar questões profundamente enraizadas na experiência escravagista norteamericana. O romance abrange a história de vários personagens, mas concentra-se principalmente em Sethe, uma ex-escravizada cuja vida é assombrada pelo espírito de Amada, sua filha morta, e em Denver, sua filha mais nova. Defendemos, nesta pesquisa, a hipótese de que as representações góticas presentes na obra Amada vão além da mera ambientação da narrativa e se estendem de forma profunda e significativa à manifestação dos traumas das personagens, que foram reprimidos no passado e retornam para assombrá-las.

PALAVRAS-CHAVE: Amada. Gótico. Romance. Escravidão. Morrison.

A banca de defesa ocorrerá por videoconferência. O link será encaminhado por e-mail à Comunicada Acadêmica. Caso alguém deseje o link, poderá solicitar por atendppgelit@ileel.ufu.br