Por não nos dobrarmos diante do trono de nenhum senhor
Publicado: 11/07/2025 - 14:42
Última modificação: 11/07/2025 - 14:42
RESUMO
A presente dissertação investiga a literatura travesti como força de desorganização das estruturas ontológicas, epistêmicas e estéticas que sustentam a ideia moderna de sujeito, de linguagem e de humanidade. A partir das obras Neca, de Amara Moira, e Traquejos Pentecostais para Matar o Senhor, de Ventura Profana, a pesquisa parte do entendimento da travestilidade não como identidade estática, mas como epistemologia encarnada, corpo político e poética insurgente. O trabalho inscreve-se na crítica literária de base decolonial, transfeminista e antirracista, mobilizando conceitos como linguajamento, identidade em política, epistemologia do deboche e plurinacionalidade. Ao invés de buscar uma representação da travestilidade, propõe-se aqui uma escuta afetada de suas performances narrativas, onde o erotismo, a fé, o escracho e a insubordinação tornam-se atos de leitura e de escrita. Trata-se de uma travessia entre a submissão e a destruição, entre a gozação e a reza, entre a navalha e a oração. A literatura travesti é compreendida, nesta dissertação, como gesto de cura e oferenda às travestis que escrevem, às que vieram antes e às que ainda virão.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Travesti. Epistemologias Decoloniais. Amara Moira. Ventura Profana. Linguajamento. Deboche.